Esquisso Histórico

Génese

O actual Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra vai buscar as suas raízes bem longe no tempo, através de uma evolução continuada, concertada com as exigências culturais e sociais da Universidade de Coimbra e da Sociedade Portuguesa.
A fusão, resultante do decreto com força de lei de 19 de Abril de 1911, das Faculdades de Filosofia e de Matemática, nascidas da Reforma do Marquês de Pombal, fez nascer a Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra. Os cursos preparatórios para admissão na Faculdade de Engenharia do Porto são instituídos e regulamentados pelo Decreto n.º 24396, de 22 de Agosto de 1934. Até então a Faculdade ministrava cursos que habilitavam para a frequência posterior da Faculdade Técnica do Porto e do Instituto Superior Técnico de Lisboa.
A necessidade de uma Faculdade de Engenharia na Universidade de Coimbra é exposta em Conselho Escolar da Faculdade de Ciências, pela primeira vez, a 27 de Abril de 1960. Os professores membros do Conselho encontram-se divididos: uns defendem a criação de uma Faculdade de Engenharia, ao passo que outros advogam a integração dos cursos de Ciências e Engenharias numa só Faculdade. Ganha esta corrente: o Decreto-Lei n.º 259/72, de 28 de Julho, cria a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. O terceiro ano – os preparatórios de Engenharia incluíam, ao tempo, os dois primeiros anos – da licenciatura em Engenharia Electrotécnica arranca, de imediato, no ano escolar de 1972/73. A Direcção da Faculdade preocupou-se e encontrou as formas de dar resposta às exigências essenciais e estratégicas da Engenharia Electrotécnica, lançando desde logo os alicerces do Departamento. Estabeleceu e deu realidade a um plano de formação de doutores, futuros professores, contratando jovens e talentosos licenciados que, sem detença, foram preparar as suas teses para centros universitários estrangeiros de qualidade. Confiou a gestão corrente do departamento a um doutor, com delegação de competências bastante e adequada ao desenvolver das actividades e dos planos estabelecidos. Encontrou instalações na Quinta da Nora que, na transitoriedade assumida da sua ocupação, foram adaptadas às necessidades lectivas mais instantes. Com o recrutamento de pessoal administrativo, técnico e auxiliar estavam preenchidas as condições que possibilitaram a afirmação e o desenvolvimento do Departamento.

Maturação

Tentemos agora descrever de forma breve e sucinta o que foi a evolução do Departamento ao longo das últimas três décadas do século XX. O período subsequente à Revolução de 25 de Abril foi palco de transformações profundas em toda a sociedade portuguesa A instituição universitária foi, porventura, aquela onde as mutações ideológicas com reflexo a nível do poder e dos comportamentos tiveram maior alcance e amplitude. Assim, muito naturalmente, os planos estabelecidos para o departamento foram questionados e alterados. As Engenharias saíram dos edifícios da Quinta da Nora, destinados ao Instituto Industrial de Coimbra. O programa de formação dos doutorados sofre alguma perturbação, não tardando, todavia, a ser retomado e reforçado. A partir dos finais da década de 70, a evolução do Departamento realizou-se em todas as suas componentes de modo seguro e sustentado. O número de docentes aumentou de forma regular. De um professor doutorado nos primeiros tempos, o número de doutores atingiu em 1995, antes da criação do Departamento de Engenharia Informática, o número de 23. No ano de criação do curso de Engenharia Electrotécnica, o quadro de professores não tinha um único lugar ocupado, ao passo que no final do século XX estava quase totalmente preenchido, com 6 professores catedráticos e 5 professores associados. O pessoal não docente era no início de 5 funcionários sendo no final do século XX de 23.
A licenciatura em Engenharia Electrotécnica, com apenas um ramo, inscreve pela primeira vez alunos do 3.º ano, em 1972. Os seus primeiros licenciados, são em número de 41, três anos depois, ou seja, em 1975. A licenciatura oferece posteriormente três e quatro ramos. O Departamento lança, em 1984, a licenciatura em Engenharia Informática (Portaria n.º 401/84). O primeiro curso de mestrado oferecido pelo Departamento é o Mestrado em Ciências de Electrotecnia, cuja 1.ª edição se realiza em 1983. Mais tarde, este mestrado desdobra-se em dois: o Mestrado em Ciências de Computação (Portaria n.º187/82) e Mestrado em Ciências de Electrotecnia (Portaria n.º 33/83).
O Despacho n.º 63/SCCS/83 confere à Universidade de Coimbra, através da FCTUC, o direito de atribuir o grau de doutor em Engenharia Electrotécnica. O primeiro doutoramento, baseado em trabalho e orientação interna, tem lugar em 1985.
Quer o curso de Engenharia Electrotécnica quer o departamento, primeiro como estrutura informal, depois formal e estatutária, foi acompanhando, ao longo dos anos, o figurino e funcionamento desenhado pela legislação. Até 25 de Abril de 1974 a sua gestão foi da responsabilidade directa da Direcção da Faculdade. Logo a seguir ao 25 de Abril essa gestão foi confiada a uma Comissão de Gestão constituída por docentes, alunos e funcionários, que passa, em 1976, a ser regulada pelo Decreto-Lei n.º 781-A/76, de 28 de Outubro. Na sequência do Decreto-Lei n.º 66/80, de 9 de Abril, foi publicada a Portaria n.º 111/81, de 24 de Janeiro, que cria legal e formalmente o Departamento de Engenharia Electrotécnica. Mais tarde, no seguimento da Lei da Autonomia Universitária e da aprovação dos Estatutos da Universidade de Coimbra e do Regulamento da Faculdade foi publicado o Regulamento do Departamento de Engenharia Electrotécnica, no Diário de República, II Série, n.º 286, de 13 de Dezembro de 1994. Em 1995, um grupo de professores e assistentes do Departamento, com o consenso e a aprovação unânime, criou o Departamento de Engenharia Informática (Resolução do Senado de 13-12/1994).
A actividade científica do Departamento teve o seu suporte institucional no Centro de Electrotecnia da Universidade de Coimbra (INIC), homologado por despacho de Março de 80, com efeitos a partir de 1 de Julho de 1980. No final do século XX, dentro da orientação política adoptada pelo Governo para o sector da Investigação, o INIC foi extinto e fomentada a criação de instituições privadas sem fins lucrativos com vista à prática de investigação, que, a nível do Departamento, se exprimem no INESC, ISR, IT e ICEMS.
O Departamento começou a funcionar na Quinta da Nora, em edifício projectado para o Instituto Industrial de Coimbra. Por alguns meses, a seguir ao 25 de Abril, instalou-se no Colégio de S. Bento, passando depois e até 1996 para o Colégio de Jesus. A sua expansão obrigou a que estivesse disperso por quatro edifícios distintos: o Colégio de Jesus, o Colégio das Artes, a sub-cave das Físicas e um andar no Bairro da Boavista. Em Setembro de 1996, o Departamento instalou-se definitivamente no Pólo II da Universidade de Coimbra, em edifício próprio.

Actualidade

O DEE instalou-se no seu edifício do Pólo II no início do ano lectivo de 1996-1997. A dimensão e qualidade destas novas instalações, associadas ao impulso das actividades de I&DT proporcionado pelo programa CIÊNCIA, estimularam o empreendimento de profundas reformas funcionais, actualmente em desenvolvimento.
Em 1997-98 foi realizada uma reforma curricular da Licenciatura em Engenharia Electrotécnica. O plano de estudos dela resultante entrou em vigor no ano lectivo de 1998-99.
Durante o ano 2000 o DEE realizou uma reformulação do ensino pós-graduado, da qual resultou a criação do Curso de Mestrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores e de Cursos de Pós-Graduação com especialização em quatro áreas de intervenção: Automação e Informática Industrial, Energia, Materiais e Controlo Não Destrutivo, e Telecomunicações.
A partir de 30 de Maio de 2001 (Despacho n.º 11 486, Diário da República – II Série), o DEE passou a ser designado por Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores (DEEC).
No ano lectivo de 2007-2008  na sequência da Declaração de Bolonha, subscrita em Junho de 1999 pelos ministros da Educação de 29 países europeus, e que visa a criação de um Espaço Europeu de Ensino Superior coerente, competitivo e atractivo, que promova a mobilidade de alunos, professores e diplomados   foi implementada no DEEC uma reforma curricular dos planos de estudos, que conferiu o figurino actual do ensino das Ciências da Engenharia Electrotécnica na Universidade de Coimbra. A antiga Licenciatura deu lugar ao Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e Computadores, sendo este estruturado em dois módulos: o primeiro módulo, com a duração de três anos, confere o grau de Licenciado em Ciências da Engenharia Electrotécnica e Computadores, enquanto o segundo módulo confere o grau de Mestre (oferecendo quatro áreas de especialização: Automação, Computadores, Energia e Telecomunicações). Foi também criado um Programa Doutoral (3º ciclo) em Ciências da Engenharia Electrotécnica.
O DEEC é hoje formado por um grupo de docentes jovens e dinâmicos, empenhados na criação de uma escola de referência a nível nacional, e que seja reconhecida internacionalmente, quer pela qualidade do seu ensino, quer pela excelência das suas actividades de investigação.

(*) Nota editorial:
A informação contida nesta página baseia-se quase totalmente no texto com o mesmo título incluído no prospecto departamental do ano lectivo de 1996-1997, da autoria do Professor Doutor Carlos Artur Trindade de Sá Furtado, que descreve de forma magistral a génese e a evolução do Departamento de Engenharia Electrotécnica (hoje designado por Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores) até à sua instalação no Pólo II da Universidade de Coimbra, em Setembro de 1996.
Além de mínimas alterações actualizadoras, acrescentou-se a este texto uma breve referência aos eventos mais relevantes para o DEEC (antes designado por DEE) desde a sua mudança para o Pólo II da Universidade de Coimbra

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